Mesa aborda a situação da mulher na conjuntura atual

10/04/2018

A participação da mulher no processo de reprodução territorial, nas dimensões políticas, culturais, sociais e ambientais, e os retrocessos impostos à classe após a ascensão do conservadorismo. Estes foram os eixos que nortearam a mesa cujo tema foi “A crise e seus impactos na vida das mulheres”, realizada pela Frente Nenhum Direito a Menos, na última terça (4).

A mesa foi composta pelas docentes Acácia Batista, da Uefs, e Caroline Lima, da Uneb e membro da Regional Nordeste 3 do ANDES-SN, além de Raquel Melo, militante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM). A professora Gracinete Bastos, da Uefs, esteve à mesa como mediadora.

Caroline Lima convocou os presentes a pensarem a atual conjuntura brasileira a partir da identidade de gênero e falou que as contrarreformas aprovadas ou propostas pelo governo federal estão atreladas a um processo de avanço do conservadorismo e de retirada de direitos, intrínsecos ao sistema capitalista. “A ascensão do conservadorismo impõe retrocessos às políticas públicas, principalmente porque reduz o orçamento destinado às ações de atendimento à mulher. Esses ataques têm caraterísticas misóginas, machistas, racistas e lgbtfóbicas. As maiores prejudicadas são as negras, indígenas e trabalhadoras rurais”, pontuou.

A docente destacou que, embora haja retrocessos, a atual conjuntura também contribuiu para a luta das mulheres. “Desde a Primavera de Mulheres, em 2015, os movimentos de mulheres e feministas encontraram na unidade de ação uma forma de reagir e de tentar barrar as investidas em curso. A atual conjuntura fez com o que o Movimento 8M de 2017 fosse um dos maiores dos últimos dez anos e, além disso, contribuiu para que as mulheres construíssem a Greve Geral de 2017, ocupassem as ruas contra a PEC 181, e recentemente, nas universidades, protagonizassem as denúncias de assédio e violência sexual".

Já a professora Acácia Batista Dias pontuou que a atual crise político-econômica do país deixa a mulher em uma condição social e financeira mais vulnerável. “Com a crise, as mulheres são as primeiras a ficarem desempregadas. As negras tem menor inserção no mercado de trabalho e ocupam postos de trabalho menos valorizados”, disse.

Devastação da classe trabalhadora
Raquel Melo destacou como a classe trabalhadora, principalmente as mulheres, tem sido prejudicada pela atual crise político-econômica brasileira. “Os capitalistas criaram essa crise e querem colocar o custo dela nas costas da classe trabalhadora. Fomos prejudicados por aumentos em contas de água e luz e pelo desemprego de milhares de pessoas, sendo que mais de 50% dessas são mulheres. A Reforma Trabalhista afeta diretamente a mulher trabalhadora, que já ocupa lugares mais precarizados no mercado de trabalho, como serviços terceirizados nas áreas da saúde e da limpeza. Já a Reforma da Previdência impõe mudanças que desconsideram a desigualdade de gênero”, disse.

A integrante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro ainda afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) também é responsável pela crise, pois, segundo ela, cooptou alguns movimentos sociais e sindicais e fez alianças com grandes empresários. 

A mesa “A crise e seus impactos na vida das mulheres” integra as mobilizações relacionadas com o Dia Internacional de Luta das Mulheres, lembrado em 8 de março. 

Da esquerda para a direita - Acácia Batista, Caroline Lima, Raquel Melo e Gracinete Souza

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